Aumento dos investimentos em publicidade na internet e direcionamento de verbas para a conversão levam a uma valorização do meio, de acordo com profissionais do mercado

Nenhuma mídia cresceu tanto no Brasil nos últimos anos – em termos de atração de verbas de publicidade – quanto à internet. Em 2021, as mídias digitais angariaram um total de R$ 6,6 milhões em compra de mídia, uma valor 74,2% superior ao registrado no ano anterior, de acordo com dados do Cenp-Meios.

Ainda que 2020 tenha sido um período de verbas comedidas por conta da pandemia de Covid-19 – e esse histórico, obviamente, afete diretamente os resultados de 2021 – foi durante a emergência sanitária que o meio se destacou entre os hábitos cotidianos das pessoas. Com mais consumidores comprando e fazendo outras atividades pela internet, mais os anunciantes voltaram os olhos e os investimentos para o ambiente digital.
Os primeiros três meses de 2022 mostram que o o meio segue em uma curva ascendente na indústria da comunicação do País. Em janeiro, fevereiro e março deste ano, o Cenp-Meios apontou um total de R$ 951,2 milhões em investimentos publicitários na internet, valor bem superior aos três primeiros meses de 2021 (R$ 675,8 milhões).

Mais procura por um meio gera, naturalmente, uma valorização daquele espaço. Profissionais de agências vêm apontando, já há algum tempo, que comprar mídia no ambiente digital tem custado mais caro do que em tempos anteriores. Desde o ano passado, a inflação do meio digital acaba sendo assunto entre os profissionais de publicidade.

Houve aumentos dramáticos no custo do CPM (custo por mil) e CPC (custo por clique) em todas as principais plataformas, do Google ao Snapchat, em particular a partir de 2020”, reconhece Abel Reis, sócio e chief product officer da consultoria Uotz. Segundo ele, dois fatores explicam esse aumento dos valores: a crescente demanda por mídia online de anunciantes de todos os portes e a redução do alcance orgânico das plataformas sociais, que obrigam os anunciantes a ampliarem o investimento em mídia paga.

Outro fator a que o mercado atribui os preços mais altos do meio digital é a priorização do investimento em performance. Glaucia Montanha, head de digital business e mídia da Artplan e head da Convert, explica que, como parte da compra de mídia digital acontece por leilão, é natural que as marcas se interessem em adquirir espaços em áreas mais nobres de portais, redes sociais e em ambientes de e-commerce que possam levar à conversão. Isso, segundo Glaucia, acaba ampliando a procura pelos mesmos espaços, o que tende a inflacionar o meio. “Esse movimento já veio acontecendo na pandemia e continua neste ano. Se as marcas e agências continuarem privilegiando apenas a performance para comprar mídia, o digital tende a ficar mais caro”, opina.

Daniela Galego, head of sales do Yahoo Brasil, admite que a inflação se tornou uma pedra no sapato para todos, uma vez que o mercado publicitário não se descola da realidade macroeconômica do planeta. “Não acredito, no entanto, que os custos subirão a ponto de se tornarem inviáveis”, projeta.


Bárbara Sacchitiello
Fonte: https://www.meioemensagem.com.br/midia/anunciar-nos-meios-digitais-esta-mais-caro